Olá, boa tarde! As alianças políticas que vão se estabelecendo para as eleições de outubro podem, em algum momento, incomodar o eleitor mais atento. Isso porque, imperativos práticos, pensados a partir da legislação eleitoral, e conseqüentes estratégias de campanha levam, por vezes, os candidatos a desrespeitar, para utilizarmos uma palavra leve, parceiros e bandeiras tradicionais. Não por acaso vemos, hoje, ao lado de Dilma Rousseff – candidata do Partido dos Trabalhadores e ex-militante da luta armada contra a Ditadura Militar – personagens do quilate de José Sarney (PMDB-AP), Jáder Barbalho (PMDB-PA), Fernando Collor (PTB-AL), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Anthony Garotinho (PR-RJ); bem como apóiam a candidatura de José Serra – ex-presidente da União Nacional dos Estudantes e ex-ministro do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso – ilustres figuras da vida pública brasileira como Roberto Jefferson (PTB-RJ), Joaquim Roriz (PSC-DF), Yeda Crusius (PSDB-RS), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Orestes Quércia (PMDB-SP), apenas para lembrarmos alguns nomes que, apesar do apoio declarado, não configuram companhias, digamos, ostensivas. Marina Silva (PV) certamente não sofre do mesmo problema, talvez por um motivo não perseguido: até o momento seu partido não conseguiu construir alianças, o que priva sua campanha de um maior espaço e, ao mesmo tempo, evita a presença de “fichas sujas” ao seu lado. A opinião publica pode, a partir dessa constatação, formar uma imagem muito negativa da política. Mas acredito que devemos, ao contrário, aproveitar o momento para refletir sobre a atual estrutura partidária brasileira, repensar a legislação eleitoral e, porque não, discutir mais política. Há muito os partidos políticos não orientam as disputas por programas que marquem traços distintivos, mas por laços pragmáticos e campanas personalistas em torno de figuras específicas. Tal comportamento vem sendo facilitado por uma legislação eleitoral que pouco se ocupa do fortalecimento dos partidos e conseqüente controle de desvios, bem como pela postura do próprio eleitorado que prefere se eximir de tais discussões quando as mesmas não lhes convêm. É preciso que nos concentremos mais nas eleições, cobrando posturas coerentes com os nossos posicionamos e debates acerca dos reais problemas da sociedade brasileira. Dessa forma, o conhecido pragmatismo que leva candidaturas a incorporação de personagens de alguma forma “banidos” pela opinião pública, terá que conviver também com uma sociedade civil pulsante que impõe suas bandeiras a despeito da inexistência delas no interior dos partidos. Mais uma vez repito: politizemos as eleições! Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quitas (por volta das 14:30h), na Rádio Catedral FM 102,3.
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