Olá, boa tarde! Uma coisa me chamou a atenção no início oficial das campanhas eleitorais, ocorrido na semana passada: o que cada um dos três principais concorrentes – Dilma, Marina e Serra – fez no seu primeiro dia. Isso porque, já é opinião comum entre os analistas que Marina Silva, candidata pelo PV, representa algo diferente num cenário eleitoral muito marcado pelo igual. Não falo apenas da sua inscrição em temas pouco debatidos na agenda pública, como o meio ambiente, mas também da sua capacidade de mobilizar questões de grande relevância para a democracia no país, como o padrão de funcionamento do Estado brasileiro, provedor e não mobilizador. Boa parte das questões que em geral emergem nos programas e plataformas de campanha é quase consensual entre os candidatos, como a necessidade de investirmos mais em saúde, educação, segurança pública, apenas para citarmos alguns exemplos. Mais do que isso, depois de oito anos de governo Lula parece que nem o tão criticado programa de transferência de renda – o Bolsa Família – é sequer refletido em seu impacto real na diminuição da pobreza ante o receio da perda de votos decisivos nas regiões mais pobres do país. Todos são a favor de tudo de modo que a escolha do eleitor tem sido estimulada mais na direção de gerar empatia com este ou aquele candidato, ora contando com o carisma do presidente Lula, ora contando com a experiência do candidato José Serra, sem, no entanto, surgirem evidentes contrastes programáticos. A candidatura de Marina, porém, é mais uma prova de que acontecimentos aparentemente inofensivos podem num determinado momento causar “estragos” maiores, e seu primeiro dia de campanha atesta isso. Ao passo em que Dilma e Serra, apoiados em máquinas partidárias e poderosa militância, cumpriram um roteiro “padrão” com caminhadas e discursos, Marina visitou o primeiro comitê voluntário de sua campanha. Na sala da casa de uma família que espontaneamente abriu as suas portas, a candidata conversou com aqueles que serão sua base. O episódio recupera, a meu ver, um lado da política que parece ter se perdido em decorrência da proporção que as campanhas eleitorais, cada vez mais caras, assumiram. Não me posiciono em relação a qual candidato é melhor, nem ao menos palpito sobre qual vencerá. Afirmo, apenas, que Marina começa a politizar a eleição, mostrando que cidadãos brasileiros ainda estão dispostos para o exercício da “grande política”, infensa ao apequenamento que maus exemplos promovem. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quitas (por volta das 14:30h), na Rádio Catedral FM 102,3.
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