Olá, boa tarde! A agressão física sofrida pelo candidato José Serra (PSDB) ontem, no Rio de Janeiro, atesta o lado ruim da política que eclodiu neste segundo turno. Escândalos de corrupção e assuntos de natureza moral têm sido mobilizados num amplo processo de despolitização do debate eleitoral, que em nada reforça a construção dos valores democráticos e republicanos caros ao desenvolvimento do país e eliminação das desigualdades. Não por acaso os debates entre Dilma e Serra permanecem, até o momento, aprisionados em temas menores, ofensas e acusações que afastam o eleitor da arena pública. E de quem é a culpa? Não condeno o eleitorado brasileiro pelo desânimo acerca do exercício da política, sentimento reforçado no segundo turno desta eleição pouco imaginativa sobre o futuro do país. A classe política já tão desacreditada não encontrou, no presente, chance de respirar ares mais apropriados no caminho da retomada do seu prestígio. A pauta que no primeiro turno girou em torno de um esquisito plebiscito de três – com a “indesejável”, para alguns, presença de Marina Silva (PV) –, estreita agora os rumos do país num duelo entre quem é mais corrupto. Não é preciso dizer que os reais problemas da sociedade brasileira, sim eles existem, passam ao largo desse embate. Acesso à Universidade, saúde pública, estradas, esgoto, discriminação racial e de gênero são os problemas com os quais nos havemos dia-a-dia. Seguramente devemos combater a corrupção. Mas penso, apenas, em que momento mais do que isso foi colocado na balança como o diferencial que desempataria um embate tão pobre de imaginação. Até o presente não foi, pelo menos da parte dos concorrentes. Isso porque, positivamente me surpreendo com a capacidade que setores da sociedade civil têm de se mobilizar na contracorrente dos debates eleitorais. Espero que por essa via os valores democráticos se renovem, mostrando ao eleitorado brasileiro seu papel para além da tutela estatal. Mostrando, enfim, seu lugar na República em benefício de um futuro melhor. Até que não traçamos uma linha reta. Ainda assim, não devemos perder a esperança de que depois de tantas curvas, retrocessos e avanços, o Brasil pode melhorar. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
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