No próximo dia 05 termina o prazo para o alistamento eleitoral, e assim como nos anos anteriores um dado tem incomodado setores da opinião: a baixa adesão ao processo democrático da parcela da população para a qual o voto ainda é facultativo, jovens maiores de 16 e menores de 18 anos. Desde a redemocratização esse contingente de eleitores vem diminuindo, conforme levantamentos do IBGE e da Justiça Eleitoral, fato mobilizado, por vezes, na denúncia de problemas estruturais da democracia brasileira. É comum ouvirmos a “desesperança” com relação ao exercício da política como justificativa para o não-alistamento “voluntário”, traduzida em frases conhecidas: “político é tudo igual, rouba e não pensa na população, para que votar?”. Até aqui, nada de novo. Fico me perguntando, apenas, qual seria o papel dos formadores de opinião nesse quadro de enfraquecimento do credo democrático? Faz algum tempo que me convenci de que os fatos não falam por si sós, como certa vertente da ciência política tentou defender, o que me permite ler a “realidade” numa outra direção. Schumpeter – economista, que curiosamente foi quem melhor equacionou o problema da democracia contemporânea – já nos alertava, no início do séc. XX, para os perigos daquilo que parece “evidente”. Ainda que sua crítica tenha, à época, outra direção, sua obra foi feliz na defesa do voto livre e autônomo como o mecanismo mais elementar na definição da democracia, instrumento do qual não podemos, em hipótese alguma, abrir mão sob pena de subvertê-la. Aqui reside o papel daqueles que ainda acreditam: falar algo novo sobre fatos antigos, assumindo com isso o compromisso da mudança. Sendo assim, por mais que o mau exercício de alguns corrompa a imagem de muitos, é importante percebermos que uma coisa são os maus políticos, outra coisa, bem diferente, é a política. E o voto, nesse cenário de “desesperança”, deve ser valorizado não apenas como um direito, mas sim como um dever: o dever de se ocupar dos problemas do país, mesmo que o país pareça se ocupar pouco dos problemas de cada um. Torço para que os jovens votem, pois esse ainda é o melhor caminho que fomos capazes de inventar.
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