Olá, boa tarde! Na última terça-feira (27/04/2010) o Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu não lançar a candidatura do deputado Ciro Gomes (CE) para a presidência da República. Ainda que a notícia não seja propriamente uma surpresa – e quando falamos de política quase nunca é –, ao oficializar sua posição o PSB torna mais claro o horizonte da próxima disputa. O partido agora encerra os ataques que Ciro vinha fazendo a todos, inclusive contra o presidente Lula, e negocia o apoio a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Setores da opinião apontaram na decisão do PSB um elemento negativo para a democracia, associando a retirada da candidatura a uma possível interferência de Lula na composição da disputa. Eu particularmente acredito que essa suposta interferência ocorreu e mais, defendo que não é exclusividade do presidente e nem novidade nas eleições. Além disso, a construção de coalizões é prevista num processo democrático, desde que respeite as regras do jogo e não utilize de mecanismos ilícitos para impedir a entrada de novos personagens na disputa. Ao que parece, foi isso que Lula fez: negociou com o PSB, dentro de práticas toleráveis, o apoio do partido e a suspensão dos ataques direcionados ao PT. Até aqui, não vejo problema. Respeitado o princípio formal de que todos os partidos são livres para apresentar, desde que queiram, suas candidaturas podemos, então, se preocupar com outras questões. Uma delas é pensar o que levou o PSB a tomar tal decisão? Ou, dito de outra forma, por que o PSB assumiria uma postura diferente? A quem interessaria a candidatura de Ciro? Creio que apenas ao próprio Ciro. Lula poderia, numa atitude “ardilosa”, sustentar a entrada do PSB no pleito com o objetivo de desestabilizar a campanha de José Serra (PSDB). Poderia, caso Ciro não tivesse se tornando tão agressivo e pouco criterioso nos ataques, incluindo como alvos Dilma e o próprio Lula. Isso teria feito com que sua candidatura fosse desinteressante quando comparada ao apoio que o PSB pode conceder. Ciro Gomes errou ao tornar sua intenção mais um projeto de vaidade pessoal do que a vocalização de uma alternativa aos nomes em disputa. Sem falar, é claro, não ser ele um bom candidato. Ciro é intelectualmente capaz, administrativamente eficiente, mas politicamente rude. Não dá para ganhar uma eleição assim. Todos esses fatores pesaram na decisão do PSB: um candidato ruim, em certo ponto vaidoso, contra a entrada num barco que até pode afundar, mas por agora não dá sinais. Acho que a decisão foi, nesse caso, fácil. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quitas (por volta das 14:30h), na Rádio Catedral FM 102,3.