Olá, boa tarde! O congresso do Partido dos Trabalhadores deste ano teve uma comemoração especial: os 30 anos do partido. Cercado de polêmica acerca da candidatura de Dilma Rousseff à presidência, as tendências que hoje integram a legenda se dividem entre a importância histórica do PT no processo de democratização do Brasil e o pragmatismo necessário ao exercício do governo, conforme defesa de José Eduardo Dutra, presidente recém-empossado. Certamente, dos anos 1980 para cá muita coisa mudou: o muro caiu, o país testemunhou a primeira eleição direta depois de duas décadas, assistiu o impedimento do presidente eleito, consolidou suas instituições com a Carta Constitucional de 1988, elegeu um intelectual paulista para presidente e até, como prova da solidez da democracia entre nós, foi capaz de alçar ao cargo máximo do executivo um operário de origem pobre. Esse, talvez, o marco maior da mudança, não só no PT, mas no cenário político nacional como um todo. Uma rápida recordação dos episódios que sucederam a chegada de Lula à presidência nos mostra como o partido sofreu para governar – com efetivos sucessos, diga-se de passagem – sendo, por vezes, obrigado a cortar na própria carne. Ainda assim, o escândalo do “mensalão”, que custou a saída de José Dirceu, militante histórico, bem como a formação de outras legendas e a desfiliação de quadros antigos – Marina Silva (PV) é a perda mais sentida nos últimos meses –, não foi capaz de abalar o prestígio do presidente e sua capacidade de comandar a sigla em mais uma disputa. O recente congresso, que lançou Dilma e as diretrizes no ano eleitoral que não terá Lula como candidato, cobra um olhar especial. Emitir juízos sobre a história recente é tarefa demasiado complicada, ainda mais se os atores em questão são concretos, como é o caso de Lula e do PT. Ainda assim, me permito dizer uma coisa: a despeito dos fatos, há uma verdade acerca do partido e de seu principal nome que não pode ser desrespeitada e que resultou na democracia em que hoje vivemos. Com isso não digo que o PT deva ser eternizado no poder, nem ao menos que Lula seja uma figura impoluta. Digo apenas que o ano 2010 não verá somente uma eleição disputada pelos dois principais atores do quadro partidário nacional, mas também a celebração do que chamamos, com ou sem propriedade, de democracia: o surgimento de uma imprensa livre, a manifestação de uma oposição, o protesto da sociedade, um partido de esquerda fez trinta anos. Que a história nos ensine também coisas boas. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quintas (por volta das 14:30h) na Rádio Catedral FM 102,3.
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