Olá, boa tarde! Quando o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, anunciou no início de dezembro sua saída da disputa pela indicação do PSDB para concorrer à presidência, muitas opiniões divergentes foram ouvidas. Para alguns, Aécio estaria sendo fraco e acometido de baixa-estima em relação ao seu prestígio junto ao eleitorado, opinião fundada no sucesso do seu governo alardeado pela grande imprensa. Para outros, no entanto, o neto de Tancredo teria manifestado mais uma vez a presença do jeito “mineiro” de fazer política: astuto, rápido, mas com cautela, e silencioso. A conseqüência mais evidente é que agora, cada vez mais, as eleições de 2010 apresentam seus personagens principais: num primeiro momento, o pleito descobriu a terceira alternativa, antes mesmo das duas alternativas anteriores, com a desfiliação de Marina Silva do PT e sua conseguinte adesão ao PV; num segundo momento, Dilma ganhou um vice, ainda sem nome, mas com partido, o PMDB; em dezembro e agora, quando Aécio Neves declara sua intenção de concorrer ao Senado, terceiro e talvez último ato desse enredo, o PSDB que até então sustentava o “suspense” proposto pelo jeito “paulista” de fazer política, teve sua dinâmica redesenhada pela decisão de Aécio. Acabaram-se as especulações sobre a chapa “puro-sangue” e sobre as prévias do partido, Serra é o candidato. A não ser que ele demonstre, e com isso mais um ponto para o governador de Minas, fraqueza. No século XVI, Maquiavel havia dito que a capacidade de tomar boas decisões na política estava associada ao entendimento do “tempo” específico em que nos encontramos. Não por acaso, ele é considerado o fundador da Ciência Política moderna. Admitir que certas escolhas devem ser feitas não de maneira indiscriminada, mas considerando o momento em que estamos é, sem dúvida, a alma da política. Aécio parece ter entendido isso. No início desta semana, ele reforçou sua disponibilidade em ajudar o partido, apresentando-se como um “soldado” na defesa de um projeto comum, declaração que endossa seu pronunciamento de dezembro, quando criticou o projeto “plebiscitário” silenciosamente defendido pelo presidente Lula. Com isso, ela coloca Serra e Dilma, ao mesmo tempo, contra a parede sem esperar que o tempo corra à revelia da sua vontade. Como ele mesmo disse, “o tempo da política tem dinâmica própria; e, se não podemos controlá-lo, não podemos, tampouco, ser reféns dele”. Maquiavel concordaria. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quintas (por volta das 14:30h) na Rádio Catedral FM 102,3.
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