quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Em política o tempo é curto (Coluna Cena Política - Rádio Catedral FM 102,3)

Olá, boa tarde! É comum ouvirmos que “sempre é tempo de recomeçar”. A idéia de que podemos tomar novas decisões e mudar radicalmente os rumos da nossa vida é aparentemente incontestável. Não creio, porém, que em matéria de política as coisas sejam bem assim. A divulgação, no início desta semana, dos novos dados da corrida eleitoral do próximo ano atesta a impossibilidade de tomarmos decisões a qualquer momento acreditando que as chances de escolhas serão as mesmas, como se o tempo pudesse ser congelado. O dado é a pesquisa CNT/Sensus de intenção de voto para as eleições de 2010 que aponta, em linhas gerais, o crescimento da candidatura governista, indicando 21,7% das intenções para Dilma Rousseff (PT), no cenário mais provável montado pela pesquisa. E “provável” justamente porque a grande interrogação é, também, agravada com os novos dados: o principal partido de oposição ao governo no próximo pleito, o PSDB, ainda não tem candidato definido e vê, com certa dose de desconforto, o crescimento das intenções de voto no governador de Minas, Aécio Neves. Ainda que José Serra lidere nas intenções auferidas, Aécio surge incomodamente, emparedando seu partido e seu opositor interno com a ameaça de não aguardar até março, como deseja Serra, a definição da candidatura tucana. Certa vertente da ciência política contemporânea, poeticamente intitulada “Escolha Racional”, acredita que os homens são racionais. Crença compartilhada por muitos, a despeito das evidências. Mesmo assim, parece residir aí uma boa pista para compreendermos o presente. Isso porque, ao entender as decisões como racionais, esses estudiosos da política descrevem o comportamento humano como uma “máquina de calcular”: com base nas informações disponíveis sobre as alternativas em questão, optam pela que melhor satisfaz a sua relação de custo/benefício. É como num jogo de xadrez: um jogador move uma peça de modo que quando o outro for mover a sua terá que levar em consideração as alternativas criadas pelo adversário, não podendo mais tomar qualquer decisão sob pena de perder. Ao protelar a sua decisão, o PSDB de Serra assiste o crescimento dos adversários que se movem no tabuleiro negligenciando o impasse tucano. Com isso, as escolhas se estreitam, as alternativas diminuem, os jogadores têm chances cada vez menores de “recomeçar”. O jogo já começou e Aécio parece ter entendido isso antes todo mundo. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quintas (por volta das 14:30h) na Rádio Catedral FM 102,3.

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