Olá, boa tarde! Um estudo realizado pela Transparência Brasil, uma organização fundada com o objetivo de combater a corrupção, mostrou que o Parlamento brasileiro – formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal –, é o mais “caro” em comparação com outros sete países, dentre os quais os Estados Unidos, a Alemanha e a França, por exemplo. Isso que dizer que se considerarmos rendimentos e outros benefícios – como verbas de gabinete, auxílio para viagens e assessores –, os parlamentares brasileiros são, em termos comparativos, os que mais pesam no bolso do contribuinte. Um dado que acrescido de notícias sobre a tentativa recente dos deputados de aumentar o próprio salário, equiparando-o ao teto do Poder Judiciário, além de constantes denúncias sobre o mau uso do dinheiro público, gera entre os cidadãos um sentimento de “dinheiro jogado fora” e, no limite, a contestação de se devemos mesmo remunerar os nossos políticos. No entanto, é preciso que fiquemos atentos aos perigos que esse descontentamento pode ocasionar, fazendo com que a população desacredite tanto na necessidade da representação, quanto na necessidade da própria política para que possamos organizar e conduzir a nossa vida. A idéia de que precisamos de um corpo de representantes, constituído por meio do voto para o exercício da política é fundamental num mundo em que as pessoas passam a maior parte do seu tempo detidas no trabalho e demais atividades que inviabilizam sua presença constante nas decisões públicas; e remunerar tais representantes se justifica exatamente pelo mesmo motivo que nos leva a precisar deles. Afinal, se acreditamos na igualdade devemos permitir que todos tenham condições de se eleger e exercer o seu mandato, o que envolve garantir a sua subsistência. Se os parlamentares não recebessem salário pelo que fazem talvez a política ficasse restrita apenas aos que podem, por renda própria, se manter, impedindo que todos tenham acesso ao seu exercício. Dessa forma, não podemos criticar o princípio da representação, importante no mundo moderno, ou a própria política a partir do exemplo de “maus políticos”, como por vezes observamos. Nosso problema não é pagar mais “caro” pelos parlamentares e sim pagar, o quanto for, e não enxergar resultado nesse investimento. Lutemos pela boa política e por bons representantes, e não pelo fim deles. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
Para ler o estudo da Transparência Brasl comentado na coluna, clique aqui.
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quintas (14:30h) na Rádio Catedral FM 102,3.
2 comentários:
Olá, Diogo! Descobri seu blog e tenho mantido uma leitura frequente dele. Esse último texto me fez pensar sobre como, hoje, é extremamente comum comentários do tipo: “Eu odeio política!”, “Política não se discute.”, ou ainda “Político é tudo igual.”. Infelizmente, a corrupção em nosso país modificou a imagem de nossos representantes, os quais, na maioria das vezes, são considerados inimigos e não mais líderes. A política é tida como algo que está fora da vida das pessoas e só entra em pauta em comentários superficiais ou nas eleições obrigatórias. A carência de reflexão política é grande. Espero, como futura jornalista e como ser humano, poder um dia contribuir pela mudança dessa situação. Até a próxima aula!
Querida Allana, fico feliz com a leitura e muito satisfeito com suas palavras. Esse é o espírito do blog: recuperar a importância da política. Continuamos nossa conversa. Um abraço.
Postar um comentário