quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

É bom que façamos política (Coluna Cena Política - Rádio Catedral FM 102,3)

Olá, boa tarde! A corrupção persiste como a grande mazela da política, não só no Brasil. Chaga antiga, seu combate tem mobilizado novos recursos, contando com a presença seja de atores institucionais – o caso do Ministério Público e da livre imprensa –, seja de modernas tecnologias – câmeras cada vez menores e com maior definição que enfocam, sem dó nem piedade, corruptos dos mais diversos escalões recebendo seu “sujo” dinheirinho. Algo que manifesta uma tendência positiva: a corrupção aparece aos olhos da sociedade e apenas assim temos chance de combatê-la. Soma-se a isso o dado de que o país conta, hoje, com uma sociedade civil viva, indignada, cansada de suas mazelas que nunca cessam. A despeito de inúmeras críticas sobre a apatia da população brasileira, as manifestações no Distrito Federal, inflamadas por movimentos organizados, mostram como nos últimos 20 anos um conviva inesperado tem incomodado o poder instituído: o povo! Não por acaso, os noticiários da semana oscilaram entre a repressão algo exagerada aos manifestantes no planalto central, e as respostas dos Poderes da República aos episódios. O Legislativo discute o projeto de lei que impede a candidatura de políticos condenados em primeira instância; o Executivo, na figura do presidente, encaminha a discussão sobre o agravamento do crime de corrupção, tornando-o hediondo; e o Judiciário persiste na necessidade de julgamentos mais rigorosos. Ainda que passíveis de questionamentos, tais iniciativas representam respostas ao modo como a sociedade tem reagido mal ao caso do governo Arruda, mais uma na longa série de decepções. Particularmente não simpatizo com o projeto “ficha limpa” por acreditar que ele fere o preceito constitucional da presunção de inocência: todos são inocentes até que se prove o contrário. Bem como não acho que agravar a pena do crime de corrupção, tal como Lula sugeriu esta semana, corrigirá o problema de que muitos casos não são julgados a tempo ou sequer são julgados, dado que questiona o próprio Judiciário, ávido em apontar defeitos na política e leniente com suas próprias imperfeições. O que fica de positivo do mais recente escândalo na política é, sem dúvida alguma, a presença da sociedade, com seus deboches servindo panetone gigante, sua ousadia frente à repressão policial, sua existência. Mesmo cansada, ela aparece, marca presença, acredita. Isso é política e é bom que a façamos contra o que discordamos. Boa tarde a todos e até o Cena Política da semana que vem!
A coluna Cena Política vai ao ar todas as quintas (por volta das 14:30h) na Rádio Catedral FM 102,3.

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