Já
me adiantando um pouco aos fatos, Carlos
Lupi, ministro do trabalho, tem tudo para cair. Independentemente do que diga
no Senado ou dos possíveis equívocos
de comunicação, essa tem sido a tônica do governo
Dilma, e não por culpa da presidenta, é bom que se diga. O enredo que se
repete, do qual apenas Nelson Jobim
não foi vitimado, segue os mesmos passos: uma denúncia levada à público por um periódico semanal qualquer, que
tem sobrevivido disso; a base aliada
escuda o acusado; seu próprio partido
oscila entre defendê-lo e pedir o seu afastamento até que tudo seja devidamente
esclarecido, correndo o risco de, caso o ministro
efetivamente caia, “perder” um ministério; a “bola da vez” se farta em explicações desencontradas; novas
denúncias aparecem; e, ao final, acaba sendo menos custoso para o governo demitir
um ministro do que defendê-lo. Não preciso lembrar que ministros bem menos “falastrões” duraram pouco. No caso de Lupi, isso é seguramente um agravante.
Fato é que pouco importa a veracidade
das denúncias e, o pior a meu ver, depois de demitido pouco se averigua
sobre o andamento das investigações.
Trata-se de um “delito” político,
enquanto ainda no poder, que depois nada interessa aos ávidos maquinadores da oposição. Não defendo
com isso, é bom lembrar, que ministros ou integrantes do alto escalão do
governo sejam protegidos aos “trancos e barrancos”. Incomoda, apenas, ver como
a motivação para a derrubada ou manutenção em uma determinada pasta se dá,
sobretudo, por interesses políticos ou partidários,
que desistem de “perseguir” o acusado em nome da idoneidade da administração
pública, no momento em que o acusado é
“abandonado” pelo governo. Inevitável pensar que por trás da sucessiva
troca de ministros no governo Dilma
radica não o combate à corrupção,
idéia-força no presente, mas sim a incessante tentativa de abalar o governo acusando seus integrantes.
Reconheço, porém, que isso confere certo tom “animado” a política nacional, que convenhamos, é recheada em
“vai-e-vem”. Mas insisto: oposição não se faz apenas com “escândalos” e a celeridade de Dilma
em “cortar o mal pela raiz”,
mantendo sua positiva avaliação junto à opinião pública, demonstra isso. É
preciso que a política se faça com conflitos
não apenas judiciais, mas com conflitos políticos, de idéias,
projetos, de futuro. Ainda vejo uma oposição
baratinada, aguardando a próxima denúncia para seguir o mesmo enredo. E
nele, quem tem vencido é Dilma Rousseff.
A coluna Cena Política vai ao ar todas as sextas (no jornal das 8h), na Rádio Catedral FM 102,3.